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26/05/2025 09:06

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Pessoa olhando pro celular

Imagem: Freepik


O vício em apostas esportivas online tem gerado impactos crescentes no mercado de trabalho brasileiro, refletindo em queda de produtividade, problemas de saúde mental, inadimplência e demissões.

Casos como o do gestor comercial Gustavo Henrique, de 25 anos, ilustram os prejuízos financeiros e emocionais causados pela chamada “epidemia das bets”.

Histórias de perdas e consequências no trabalho

  • Gustavo Henrique perdeu R$ 200 mil de reserva financeira, contraiu dívidas de R$ 80 mil e foi demitido após queda de desempenho.
  • Raissa Romão, gestora logística, acumulou dívidas em sete bancos, fechou a loja própria e recorreu a agiotas para sustentar o vício.
  • Uma balconista na Bahia perdeu o emprego após faltas e atrasos devido a madrugadas jogando em sites de apostas.

Dados da crise

  • 54% dos gestores afirmam que funcionários usam os intervalos de trabalho para apostar.
  • 66% apontam prejuízos à saúde mental e física.
  • 59% relatam queda na produtividade.
  • Segundo a CNC, 1,8 milhão de pessoas ficaram inadimplentes por comprometer a renda com apostas.
  • O CEO da Assaí revelou que apostas impactam o consumo de alimentos das famílias.

Como o vício se manifesta

Segundo especialistas, o vício em apostas funciona de forma semelhante ao alcoolismo e ao uso de drogas. Sintomas mais comuns incluem:

  • Agitação
  • Oscilação de humor
  • Isolamento
  • Queda de rendimento
  • Conflitos interpessoais
  • Sentimentos de culpa e vergonha
  • Pensamentos suicidas (em casos extremos)

O apelo das apostas

Segundo a especialista em futuro do trabalho, Maíra Blasi, o apelo das bets está na promessa de dinheiro fácil, o que atrai principalmente profissionais da base da pirâmide social, como atendentes, pedreiros e entregadores.

“No freela, no bico ou na bet, cria-se a ilusão de que dá para conseguir dinheiro rápido”, resume Maíra.

Responsabilidade das empresas e do poder público

A professora Luciana Morilas (USP) afirma que as empresas devem assumir responsabilidade social, entendendo que o trabalhador leva para o trabalho os efeitos do contexto social.

Entre as ações preventivas recomendadas para o ambiente corporativo estão:

  • Criação de políticas internas sobre o tema
  • Capacitação de lideranças para identificar sinais de vício
  • Oferta de apoio psicológico e educação financeira
  • Ações educativas e rodas de conversa

O poder público também é cobrado a agir. Especialistas defendem:

  • Criação de leis específicas
  • Programas públicos de tratamento
  • Campanhas de prevenção
  • Regulamentação do uso das apostas no ambiente de trabalho

Apesar da Lei nº 14.790/2023, que regulamenta a operação de apostas esportivas de quota fixa, não há diretrizes sobre o uso no ambiente laboral. Até o momento, o Ministério do Trabalho não se pronunciou sobre medidas específicas para tratar o tema.

Da redação

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