Crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O comprometimento da renda das famílias brasileiras com dívidas voltou a subir e já atinge 27,2%, nível semelhante ao registrado em julho de 2023, quando o governo federal lançou o programa Desenrola Brasil para combater o alto endividamento. Os dados mais recentes, referentes a fevereiro deste ano, foram divulgados pelo Banco Central (BC).
Segundo especialistas, o aumento está relacionado a uma maior concessão de crédito no final de 2024, combinada à elevação da taxa básica de juros (Selic), que passou de 10,5% para 14,75% ao ano — o maior patamar em quase 20 anos.
Maria Regina Cordeiro, 72 anos, aposentada, compromete quase toda sua renda de R$ 3 mil com dívidas e contas fixas:
“Tenho de bancar tudo sozinha. Meus dois salários mínimos vão praticamente todos para pagar dívida”.
Alexandra Gonçalves, 49 anos, copeira hospitalar, afirma que R$ 3 mil dos R$ 5.700 da renda familiar mensal vão para compromissos como aluguel, cartão de crédito e cuidados com a neta:
“Tem mês que a gente aperta daqui para cobrir dali”.
O programa Desenrola Brasil, lançado em 2023, conseguiu reduzir o comprometimento de renda até maio de 2024, quando atingiu 25,8%. No entanto, o alívio durou pouco. Economistas explicam que:
O Crédito do Trabalhador, lançado recentemente, pretende reduzir o custo do endividamento, ao ampliar o acesso ao crédito consignado para todos os trabalhadores com carteira assinada.
O Ministério da Fazenda e o Banco Central trabalham para fortalecer a cidadania financeira com ações como:
Especialistas apontam que, apesar do crescimento da renda e das novas linhas de crédito, a estrutura de crédito no Brasil ainda é frágil para famílias vulneráveis, o que exige ações estruturantes.
“Precisamos de um trabalho de educação e proteção. Os países desenvolvidos fazem isso”, afirmou Marcos Pinto, secretário de Reformas Econômicas da Fazenda.
A expectativa é de que, no segundo semestre, o endividamento caia, caso o Crédito do Trabalhador seja usado, de fato, para renegociar dívidas mais caras e não para assumir novos compromissos de forma desordenada.
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